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Um Pouco da História da Loucura e da Psiquiatria

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Outra proposta terapêutica, que surge nos anos 10-20 é a assistência hetero-familiar (A.H.F.), que 

se desenvolve junto às colônias agrícolas e tem como objetivo proporcionar aos internos um convívio 
familiar, com famílias “adotivas” chamadas de famílias nutrícias. No entanto, essas propostas são 
implantadas apenas em alguns locais e não apresentam muitos resultados. 

Nas décadas de 40 e 50, o discurso organicista passa a ser predominante. Ou seja, acredita-se 

que as causas da doença mental são orgânicas, ou físicas. Surgem as terapias biológicas, como a 
eletroconvulsoterapia (E.C.T.), as psicocirurgias e já na metade da década de 50, os psicofármacos.

O objetivo aqui é discutir as diversas formas de atenção à saúde mental atualmente existentes 

e a sua evolução através da história. Se o grupo não souber qual o primeiro hospital do estado, 
pode-se discutir a assistência oferecida por outros serviços que sirvam de referência para a região. O 
importante é a compreensão da mudança que vem ocorrendo nesses serviços. 

2.3 - A  Política Nacional de Saúde Mental 

A Política de Saúde Mental no Brasil era essencialmente privativa até a década de 70, com uma 

assistência centrada a nível hospitalar o que acentuava muito o sofrimento psíquico devido as 
formas de tratamento humilhantes, e sem eficácia alguma ali utilizadas. Os profissionais de saúde 
mental passaram a questionar essa realidade assistencial, numa série de eventos do campo da saúde 
mental que se sucederam nos anos 70 e 80, consolidando o movimento da reforma psiquiátrica e 
influenciando a definição de uma nova Política de Saúde Mental em implantação no país.

No ano de 1989, dá entrada no Congresso Nacional o Projeto de Lei do deputado Paulo Delgado 

(PT/MG), que propõe a regulamentação dos direitos da pessoa com transtornos mentais e a extinção 
progressiva dos manicômios no país. É o início das lutas do movimento da Reforma Psiquiátrica nos 
campos legislativo e normativo.

Com a Constituição de 1988, é criado o SUS – Sistema Único de Saúde, formado pela articulação 

entre as gestões federal, estadual e municipal, sob o poder de controle social, consolida as questões 
referentes a saúde e consequente a saúde mental.

Atualmente o Ministério da Saúde, BRASIL 2010 estabelece que a Política Nacional de Saúde 

Mental, apoiada na lei 10.216/02, busca consolidar um modelo de atenção à saúde mental aberto e 
de base comunitária. Isto é, que garante a livre circulação das pessoas com transtornos mentais pelos 
serviços, comunidade e cidade, e oferece cuidados com base nos recursos que a comunidade oferece 
a de Saúde Mental.

2.4 - Marcos da Política de Saúde Mental 

Em 1990 acontece em Caracas, Venezuela, a Conferência Regional para a Reestruturação da Assistência 

Psiquiátrica. Esta Conferência é convocada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela Organização 
Pan-Americana de Saúde (OPAS), tendo a participação de diversas associações relacionadas com a área, 
juristas, membros dos parlamentos e delegações técnicas de países latino-americanos. 

Durante a Conferência desenvolvem-se importantes discussões, objetivando chegar a princípios 

básicos e estratégias para implementar na prática a reestruturação da assistência psiquiátrica. 

Como resultado de todos os trabalhos, redige-se um documento denominado Declaração de 

Caracas, que direciona o processo de reestruturação na América Latina. 

A Declaração de Caracas ressalta em seu texto que a assistência psiquiátrica tradicional, tendo 

o hospital psiquiátrico como única modalidade de atendimento, não permite alcançar os objetivos 
compatíveis com um atendimento comunitário, descentralizado, participativo, integral, contínuo e 
preventivo. Traça também algumas diretrizes em relação à legislação dos países, que devem procurar 
assegurar o respeito aos direitos humanos e civis dos doentes mentais, e promover a organização de 
serviços comunitários de saúde mental que venham a garantir o cumprimento dessa legislação.

A  Lei 10.216 de 06 de abril de 2001, formulada pelo deputado Paulo Delgado  desde 1989 e após 

12 anos é finalmente aprovada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso dispõe sobre a proteção 
e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em 
saúde mental. Esta lei encontra-se no anexo da apostila.