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Recursos Hídricos

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2.1.4 - Distribuição da água no Brasil

O Brasil é considerado um país riquíssimo em termos hidrológicos, pois detém cerca de 12% da 

água doce que escorre superficialmente no mundo. O problema é que esse volume é desigualmente 
distribuído: 70% estão na Amazônia, região com menos de 7% da população nacional (existe muita 
água em local com poucos habitantes), 15% no Centro-Oeste, 6% no Sul e no Sudeste e apenas 3% no 
Nordeste, sendo 2/3 destes localizados na bacia do rio São Francisco. Além dessas desigualdades, não 
sabemos usar a água, pois 46% dela é desperdiçada nos vazamentos das tubulações ao longo das redes 
de distribuição, o que daria para abastecer toda a França, a Bélgica, a Suíça e o Norte da Itália.

É urgente, portanto, um novo padrão cultural para utilização dos nossos recursos hídricos. 

Mesmo com esses quantitativos extremamente reduzidos com relação ao Nordeste, as descargas 
dos seus rios representam uma infiltração de água nos aqüíferos da ordem de 58 bilhões de m³/
ano. A extração de apenas 1/3 dessas reservas representa potencial suficiente para abastecer toda a 
população nordestina (estimada hoje em cerca de 47 milhões de pessoas) com uma taxa de 200/litros/
pessoa/dia, preconizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), e irrigar ainda cerca de 2 milhões 
de hectares com uma taxa de7.000 m³/ha/ano.

Em termos de disponibilidade hídrica per capita, existem modalidades de distribuição 

classificadas pela OMS, em diversos locais do planeta, inclusive no território nacional, que consideram 
regiões abundantes em água aquelas que disponibilizam volumes superiores a 20 mil m³/pessoa/
ano, passando pelas classes intermediárias, que disponibilizam cerca de 5 mil m³/pessoa/ano, até as 
portadoras de situações críticas, que disponibilizam volumes inferiores a 1.500 m³/pessoa/ano. Na 
classe abundante, estão considerados todos os Estados da região Norte do país, sendo Roraima o 
campeão em oferta de água, com a incrível marca de 1,7 bilhão m³/pessoa/ano.

Dos estados nordestinos pertencentes ao Semi-Árido, apenas o Piauí - em posição intermediária - 

está em situação confortável, fato este advindo da riqueza hídrica em seu subsolo sedimentário e da 
existência de um grande rio perene, o Parnaíba, que faz fronteira com o Maranhão.

A Bahia - em situação próxima à crítica, com fornecimentos volumétricos superiores a 2.500 

m³/pessoa/ano - chega a ter mais água do que o Estado de São Paulo, por ser beneficiado pelo rio 
São Francisco, que corta o estado de sul a norte, e por possuir áreas sedimentares esparsas, mas 
significativas, em seu território. A situação dos demais estados nordestinos (Ceará, Rio Grande do 
Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe) é preocupante, pois estão numa posição crítica pelo 
fato de oferecerem volumes inferiores a 2.500 m³/pessoa/ano, destacando-se, entre eles, a Paraíba, 
com fornecimento de cerca de 1.437 m³/pessoa/ano, e Pernambuco, estado campeoníssimo em baixa 
oferta hídrica para os seus habitantes, com o fornecimento de apenas 1.320 m³/pessoa/ano.

Essa desigualdade de percentuais hídricos existente no país, com visível desvantagem para o 

Nordeste brasileiro, é conseqüência das características geoambientais da região, notadamente 
da presença do escudo cristalino em cerca de 70% da superfície do Semi-Árido nordestino (o que 
dificulta o acúmulo de água no seu subsolo), da topografia, pela insuficiência de boqueirões para 
serem fechados, e das secas que costumeiramente assolam a região. Além do mais, outros problemas 
têm agravado a escassez dos recursos hídricos: o aumento da temperatura global, elevando os índices 
de evaporação, o desmatamento das nascentes, a poluição, o crescimento das cidades, o aumento 
das demandas para consumo humano e irrigação e a má gestão dos recursos hídricos (pela falta de 
cuidado no uso da água disponível). Em conseqüência disso, 45% da população do país não têm 
acesso a água tratada e 96 milhões de pessoas vivem sem esgoto.