Capítulo 1

12

R

E

G - 
5

4

9

.5

2

8

 - C
O

PY
R

IG

H

T - B

0

0

1

Georges Cuvier (1769-1832) prestou muitas e importantes contribuições à História Natural, no 

que se refere a espécies extintas e à reconstituição de alguns fósseis dando-lhe o aspecto que teriam 
quando eram vivos. Foi defensor de uma versão da história da Terra, segundo a qual uma sucessão de 
catástrofes teria exterminado as primitivas formas de vida, sendo a última destas catástrofes o Dilúvio 
descrito na Bíblia.

Johann Gottlob Lehman e Christian Fuchsel, dois naturalistas do século XVIII, mostraram que 

o contraste morfológico observado na Turíngia, centro da Alemanha, resultou de os fenômenos 
responsáveis pela formação das montanhas do Harz serem diferentes dos que originaram as planícies 
da Turíngia; isto é, a história geológica da região foi condicionada por dois episódios distintos. 
Lehmann evidenciou a seqüência de fenômenos da história da Terra gravados nas sucessivas camadas 
rochosas.

James Hutton (1726-1797), considerado o fundador da geologia moderna, fazendo uso da 

observação de campo dos fenômenos atuais deduziu que as mesmas leis físicas atuais que os 
condicionam terão sido as mesmas que atuaram no passado. Formulou, deste modo, o princípio do 
Uniformitarismo: o presente é a chave da interpretação do passado. Mais tarde, Charles Lyell (1797-
1875), ampliou este princípio aplicando-o a novas situações geológicas, traduzindo-se em novos 
progressos das ciências geológicas. De fato, as rochas formam-se na natureza atual, obedecendo às 
mesmas leis que presidiram à sua formação há centenas de milhões de anos.

Para finalizar esta história, que já vai longa para os objetivos que me proponho, não posso deixar 

de referir o nome de William Smith (1769-1839), que enunciou dois princípios fundamentais da 
estratigrafia, a lei “da sobreposição dos estratos” e a “das camadas identificadas pelos fósseis”. Durante 
quase cinqüenta anos, percorreu a Inglaterra elaborando o primeiro mapa geológico daquele país.

1.2 - Idade da Terra

A determinação da idade da Terra esbarra em dois problemas principais. Em primeiro lugar é 

necessário ter um método capaz de avaliar uma dimensão de tempo tão vasta quanto do tempo 
geológico. Esse problema foi resolvido com o advento dos métodos de datação radiométrica 
utilizando elementos com meia-vida longa. O outro ponto, de mais difícil solução, é a escolha do 
material a ser utilizado para a datação. Depois de sua formação a Terra sofreu intensa diferenciação 
que redistribuiu os elementos químicos e modificou as concentrações pai-filho originais. 

Após serem desenvolvidos os métodos de datação radiométrica, o passo seguinte dos 

geocronólogos foi o de tentar datar a idade da Terra. Essa nova jornada, entretanto, mostrou-se mais 
complexa que originalmente imaginado. Diversas rochas consideradas muito antigas foram datadas, 
mas o resultado revelou-se decepcionante. As idades mais antigas inicialmente encontradas foram de 
apenas 2 – 2,7 Ga. (as idades mais antigas encontradas até hoje são de ± 4 Ga.). 

Reconhecendo a dificuldade de achar na Terra um material original, Patterson (1950) resolveu 

analisar rochas extraterrestres para obter a idade da Terra, i.e.

A idade de formação dos planetas do sistema solar. Aplicando o método de datação U/Pb 

em condritos, Patterson obteve a idade de 4,55 Ga para a formação da Terra. Essa abordagem 
é procedente já que os condritos representam fragmentos de planetesimais não diferenciados  e, 
portanto, correspondem aos materiais mais primitivos do Sistema Solar.

Tentando obter essa mesma idade em materiais terrestres, Patterson utilizou meteoritos sem 

traços de U, mas com Pb, para determinar a composição isotópica original do Pb quando na formação 
do sistema solar e planitesimais. Conhecendo a proporção de Pb original Patterson era capaz de 
descontar a quantidade original elementos-filhos de Pb dos sistemas químicos terrestres. Mas o 
que datar?  Procurando encontrar sistemas químicos que representassem a média composicional da 
crosta e manto terrestre, Patterson analisou nódulos manganês nos sedimentos marinhos (média da 
crosta) e basaltos do Havaí (média do manto), descontou o valor de Pb original e obteve a idade de 
4,55 Ga. Desde então esta é considerada a idade da Terra.