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A Psicologia e a Prevenção de Acidentes
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Vejamos por que.
Em primeiro lugar, porque, no procedimento de punição, a resposta não desejada é suprimida
apenas temporariamente. Estudos mostram que, mesmo com punição severa, há a recuperação da
resposta, quando esta punição é suspensa. Portanto, se queremos que um trabalhador utilize seu
equipamento de segurança, sempre que for lidar com solda, a solução não será puni-lo, quando
estiver trabalhando com a solda sem o equipamento. Simplesmente porque, na ausência do agente
punitivo, este trabalhador não emitirá o comportamento desejado.
Além de a punição não levar a comportamentos duradouros, é um procedimento que acarreta
outros efeitos colaterais, que poderíamos classificar de indesejáveis. Um destes efeitos seria que, um
dado estimulo que procede a punição, adquire propriedades aversivas. Assim, o operário punido
pode considerar ser o ambiente de trabalho aversivo. E tentar fugir dele para escapar a punição. Outra
possibilidade seria trabalhar mais devagar para ver melhor a chegada do supervisor e evitar a punição.
O operário associou a presença do supervisor à punição. Aquela passa a ser, então, um estímulo pré-
aversivo. A redução no comportamento operante produzida por um estimulo pré-aversivo é chamada
de ansiedade. A ansiedade que surge como consequência da punição inclui também mudanças
respondentes (fisiológicas, reflexas), tais como aumento da pressão sanguínea, da respiração e da
tensão muscular, e essa é uma das razões por que a punição pode ter efeitos de longo alcance.
A punição tem ainda outro efeito: agressão. Arzin, Hutchinson e colaboradores descobriram que a
punição eliciou comportamento agressivo em todas as espécies estudadas.
Aí estão alguns dos efeitos deste procedimento tão largamente usado. É, porém, simples a razão do
uso tão difundido da punição: ela reforça a pessoa que pune. Não nos referimos à pessoa sádica, que
seria um caso especial, mas ao indivíduo comum que pune um comportamento que lhe é aversivo.
A punição suprime, de maneira quase que imediata, o comportamento aversivo e a remoção da
estimulação aversiva é reforçada. Animais aprendem a apertar um pedal para escapar à estimulação
aversiva; um homem rapidamente aprende a aplicar punições.
Outro tipo de uso da estimulação aversiva seria através de um procedimento ao qual chamamos
de reforçamento negativo, onde um desempenho aumenta de frequência para evitar um estimulo
aversivo. Assim, o empregado passará a usar óculos, não com a finalidade de proteger os seus olhos,
mas de evitar a reprimenda ou a suspensão. Este tipo de procedimento gera comportamentos de fuga
e de esquiva. O indivíduo elimina o estímulo aversivo através de algum desempenho (fuga) ou até
emite desempenhos que façam com que tais estímulos aversivos nem venham a acontecer (esquiva).
Assim, o desempenho de colocar óculos diante do torno será mantido por um comportamento de
fuga, se toda vez que o chefe chegar perto e “der a bronca” os óculos forem colocados. Será mantido
por esquiva, se os óculos forem colocados antes da “bronca” com a finalidade de evitá-la.
Ora, resta-nos concluir que um comportamento mantido neste esquema apresentará
consequências similares àquele que foi mantido pela punição. Este comportamento não tende a
persistir na ausência do estímulo aversivo. No caso do exemplo anterior, o empregado não protegerá
os olhos na ausência do supervisor. E mais: quanto mais os desempenhos forem mantidos por
reforçamento negativo, mais necessidade se faz da vigilância, da autocracia e de exercícios armados a
forçarem os indivíduos a emitir comportamentos adequados.
Cabe a nós, porém, oferecer uma alternativa: o reforçamento positivo, onde estímulos reforçados
são apresentados após desempenhos desejados. Estímulos reforçados são agradáveis ao indivíduo e
podem ser planejados ou surgir naturalmente do meio ambiente. Assim, se um trabalhador recebe
um incentivo, como um elogio ou até um dia de folga, por ter usado sistematicamente durante um
ano seu equipamento de segurança, este seu desempenho tende a manter-se e chegará ao ponto
em que o reformador será o próprio prazer de estar trabalhando com segurança. Será um reformador
natural, oferecido pelo ambiente. Assim, o desempenho dê usar o equipamento de segurança será
mantido inclusive na ausência de vigilância, pois o reformador final será a segurança do próprio
indivíduo. Neste esquema, trabalhamos com as necessidades do homem e, se necessário for, faremos
primeiro com que ele reconheça suas próprias necessidades.
Só assim produziremos comportamentos que tenderão a se manter, tendo como objetivo final, a
satisfação das necessidades do próprio bem.
Tomemos duas empresas. Consideremos que uma delas põe em prática a teoria X, de Douglas Mc
Gregor e outra tem, como referência, a teoria Y, do mesmo autor.
Suposições da natureza humana referentes a teoria “X” e a teoria “Y”.