Capítulo 1
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A busca das causas do comportamento vem sendo feita, porém, de maneiras diversas. Qualquer
evento conspícuo que coincida com a emissão de um comportamento humano pode bem ser tomado
como uma causa, Há o que chamamos de causas internas atribuídas a um comportamento: são as
causas neurais onde se usa o sistema nervoso como explicação imediata do comportamento, ou as
causas internas psíquicas onde este comportamento é explicado em termos de um agente interior
sem dimensões físicas, chamado “mental” ou psíquico.
Este hábito de buscar dentro do organismo uma explicação do comportamento tende a obscurecer
as variáveis que estão ao alcance de uma análise científica. Estas variáveis estão fora do organismo, no
ambiente natural. Não se pode esperar uma explicação adequada do comportamento sem analisá-las.
As variáveis externas, das quais o comportamento é função, dão margem ao que pode ser chamado
de análise causal ou funcional. Tentamos, por exemplo, prever e controlar o comportamento de um
organismo individual: o não uso de equipamentos de segurança. Esta é a nossa “variável dependente”
- efeito para o qual procuramos a causa. Nossas “variáveis independentes” - causas do comportamento
- são as condições externas das quais o comportamento é função. Relações entre as duas - as relações
de “causa e efeito” no comportamento - são as leis de uma ciência.
Estudos anteriores em aprendizagem nos mostram que, depois de emitido, um desempenho
tende a aumentar ou diminuir de frequência, conforme o reforço que recebe do ambiente. Pertinentes
então se tornam os estudiosos, quando sugerem a “modificação do ambiente”, como técnica para a
redução de acidentes.
O ambiente pode funcionar como:
a) um estímulo discriminativo, (S
D
) quando oferece ocasião para que um desempenho seja
reforçado e, portanto, aumente de frequência;
b) um estímulo generalizador, (S
G
) oferecendo ocasião para que um desempenho, por exemplo,
um ato inseguro, não seja reforçado, diminuindo de frequência até a extinção.
Poderemos, assim, começar por procurar, no ambiente, os estímulos reforçadores que levam o
trabalhador a comportar-se inadequadamente. Assim, se uma pessoa possui necessidade de atenção
e a obtém através do uso do torno sem os óculos protetores, o ambiente está funcionando como um
SD que manterá tal desempenho (o não usar os óculos), em frequência elevada. A distração de José, o
maquinista, foi reforçada pela reprimenda do chefe.
Parece-nos evidente que condições insatisfatórias de trabalho funcionam como SD para fuga de
tais condições, fator responsável, pelo acidente do trabalho (SLIVNACK, KERR & KOSINAR, 1957). A
fadiga reforça comportamentos que levam a acidentes.
Expectativas acima das capacidades são colocadas sobre o homem pelas entidades produtoras.
Estas entidades tendem a dirigir sua atenção para o produto final, desrespeitando seu principal
construtor. Tal desrespeito funciona como estimulo discriminativo para a agressividade que explode
em nossa sociedade em forma de violência.
Como, então, poderíamos, pelo menos em parte, evitar que esta violência adentre nossas empresas
na forma de desrespeito humano, provocando acidentes?
A resposta a esta questão não é simples nem rápida, e exige toda uma análise do nosso ecossistema
e da violência alimentada através do mundo e instalada nos nossos meios de comunicação.
Seremos, porém, menos ambiciosos neste capitulo. Analisaremos certos procedimentos de
modificações de comportamento que nos levarão a instalar desempenhos desejáveis.
Comecemos pela punição. O empregado que é visto trabalhando sem o seu equipamento de
segurança é punido. A punição consiste numa apresentação de um estímulo aversivo ou na retirada
de um reforço positivo. Assim, uma reprimenda, uma suspensão, um “endurecimento” nas normas da
empresa são estímulos aversivos que, quando apresentados, constituem uma punição. Cabe a nós
informar que a punição não é definitivamente, o procedimento mais adequado para se manter um
comportamento.