Capítulo 1

10

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E

G - 
8

5

4.

3

2

4

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O

PY
R

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T - B

0

0

1

Como foi dito, o computador só trata dados, como o do exemplo da tabela incompreensível, 

sendo incapaz de associar significados a eles. Assim, é válido chamar essa máquina de “armazenador 
e processador de dados”; é inválido chamá-la de “armazenador e processador de informações”. De 
fato, o computador não compreende absolutamente nada. O computador é uma máquina puramente 
sintática, pois as relações entre dados é sempre feita de maneira estrutural, por exemplo, por 
contiguidade física dentro do dispositivo de armazenamento ou por meio dos chamados «ponteiros». 
Um dado «aponta» para outro se ao lado do primeiro colocar-se o endereço (o ponteiro) do segundo, 
indicando onde o último está armazenado. As instruções de um computador também são puramente 
sintáticas. Um computador pode ser programado para reconhecer padrões, como, por exemplo, a 
escrita manual cursiva. Mas isso é feito de maneira puramente matemática, com uma quantidade 
tão enorme de cálculos que deveria provocar profunda admiração pelo ser humano que, parece-me, 
obviamente não calcula quando lê. Ao lermos, estamos continuamente associando conceitos para 
reconhecer letras, fonemas e palavras, e muito mais ainda para compreender uma frase, um parágrafo 
e um capítulo.

Dados são puramente objetivos, podendo ser descritos matematicamente. Informações são 

objetivas-subjetivas: quando são transmitidas por meio de dados, existem objetivamente (como por 
exemplo um texto, uma foto, uma fita gravada). A transmissão de informações sem dados também 
pode ser feita objetivamente (usando o exemplo anterior, qualquer pessoa entra em contato com o 
mesmo ar, para ver se está quente ou frio). No entanto, o significado que lhes é atribuído depende de 
cada receptor humano. Aqui ocorre algo muito especial: por trás dessa subjetividade da interpretação 
particular dada por uma certa pessoa, pode existir um conceito universal, o que ocorre na maior parte 
das vivências. Todas as pessoas sadias e com suficiente conhecimento, ao se defrontarem com uma 
porta fechada, reconhecem que se trata de uma porta, passando eventualmente a abri-la. Portanto, 
o conceito é também objetivo apesar de, além da subjetividade da interpretação, o pensamento 
empregado nesse processo depender da pessoa e não poder ser vivenciado por outra.