Capítulo 1

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da poluição ambiental. Por isso acreditava-se de início que o rápido aumento de dejetos da 
industrialização e da produção de alimentos, ocorrido nos últimos dois séculos, poderia ser eliminado 
através de uma distribuição de águas e gases poluídos por uma área tão grande quanto possível, 
para atingir uma diluição ótima das substâncias tóxicas. Estimou-se erradamente, contudo, o tempo 
necessário para a descontaminação ou para a degradação espontânea dos poluentes. 

Este erro na avaliação da capacidade da natureza em autodepurar-se foi percebido inicialmente, 

de maneira evidente, em rios e lagos. Pensava-se que as águas de rios e lagos poderiam receber 
poluentes em grandes quantidades, sem maiores danos, por causa do fornecimento contínuo de água 
limpa por fontes e da descarga de água contaminada nos oceanos. Por volta de 1900 percebeu-se que 
certos peixes particularmente sensíveis à poluição se encontravam próximos à extinção em diversos 
rios. A pesca do esturjão (de cujas ovas se fabrica o caviar), bastante comum no Reno no século XIX, 
reduziu-se drasticamente no início do século passado, desaparecendo completamente em 1920. O 
mesmo destino teve a pesca de salmão, que se extinguiu em 1955. Atualmente presenciamos até 
mesmo a poluição indisfarçável dos oceanos, que praticamente sem sabermos o que fazer para evitar 
que a fauna marítima, pelo menos nas regiões costeiras, seja seriamente afetada. Também os gases 
desprendidos na atmosfera não diluem tão rapidamente como de início se acreditava. Um incêndio 
florestal na Baixa-Saxônia, em 1975, ocasionou a formação de uma ‘nuvem’ de fumaça de 200 km de 
extensão, como se pôde verificar em fotos tomadas de satélites artificiais. 

Em condições climáticas apropriadas certos gases industriais são arrastados por distâncias ainda 

maiores, como veremos com detalhes mais adiante, em ‘poluição atmosférica`.

Os exemplos mostram que, ao contrário do que ocorria na Antiguidade e na Idade Média, a 

contaminação ambiental se converteu num problema bem mais amplo, freqüentemente mesmo 
num problema de caráter internacional.

1.3 - Possibilidades de Evitar o Comprometimento do 

Meio Ambiente

Pelo menos em princípio reconhece-se hoje o problema representado pelo comprometimento 

do meio ambiente. Contudo, as opiniões divergem bastante no que se refere às possibilidades de 
eliminar os perigos daí decorrentes.

Uma desintoxicação completa de todas as emissões ou despejos industriais é tão dispendiosa 

que se torna impossível sua aplicação geral. Por causa disso, torna-se necessário reduzir a produção 
em alguns ramos industriais para evitar maior poluição, o que por sua vez acarreta conseqüências 
econômicas negativas.

No campo da Agricultura fala-se freqüentemente numa agricultura ‘natural’, isto é, isenta do 

emprego de fertilizantes químicos e praguicidas. Se seguíssemos incondicionalmente a este desejo, 
deveríamos esperar uma redução de até 50% nas colheitas (compare os dados para a produtividade de 
beterraba sem emprego de praguicidas). Teríamos em conseqüência um agravamento no problema 
da fome, que assumiria proporções nunca antes vistas.

Resta portanto,  para o momento, um compromisso, como único caminho viável: eliminar 

inicialmente, dentro do economicamente admissível, os poluentes mais tóxicos, para diminuir os 
riscos que pesam sobre nossa saúde. Para atingir este alvo relativamente modesto, precisamos estar 
informados sobre a ação fisiológica de todos os fatores importantes da poluição ambiental, para saber 
quais os componentes mais perigosos e para obter pontos de referência que permitam decidir até 
que grau estes fatores podem ser tolerados. Discutiremos por isso principalmente a ação fisiológica 
de alguns componentes importantes da poluição. E aqui se mostram de modo mais evidente as 
grandes lacunas nos conhecimentos que temos a respeito do comprometimento do meio ambiente.

Apesar de termos definido inicialmente a poluição ambiental em relação ao homem, não 

trataremos somente da ação direta dos poluentes sobre o homem. Como parte integrante do meio, 
o homem depende diretamente de animais e plantas. As plantas ocupam aqui uma posição central, 
já que elas são os únicos seres vivos que, com auxilio da luz como fonte de energia, podem realizar a 
síntese total de sustâncias orgânicas a partir de compostos inorgânicos, liberando ao mesmo tempo 
o oxigênio necessário para a respiração, retirado de moléculas de água. Em conseqüência as plantas 
se situarão com a frequência no centro de nossas discussões.