Capítulo 3

10

R

E

G - 
996

.4

3

7

 - C
O

PY
R

IG

H

T - B

0

0

1

Os estrogênios são 55 Curso de Atualização em Mamografia para Técnicos e Tecnólogos em 

Radiologia | Câncer de Mama os principais agentes estimuladores da proliferação celular mamária. 
Sabe-se que seu estímulo é maior quando atua sinergicamente com a progesterona. Foi demonstrado 
que o número de ciclos menstruais ovulatórios possui relação direta com o risco de aparecimento do 
câncer de mama. Mulheres que tiveram a menarca antes dos 11 anos de idade possuem fator de 
risco aumentado em 20% quando comparadas àquelas que a tiveram após os 14 anos. Mudanças 
comportamentais, em relação ao padrão reprodutivo das mulheres, levaram a uma redução da prole 
e do tempo de aleitamento materno. No passado as mulheres menstruavam em média 50 vezes. A 
mulher moderna menstrua, aproximadamente, 350 vezes.

3.3.3 - Idade da Primeira Gestação a Termo

A primeira gestação a termo em mulheres com menos de 18 anos de idade diminui em duas vezes 

o fator de risco para o desenvolvimento do câncer de mama, se comparado àquele observado nas 
mulheres nulíparas ou naquelas que tiveram sua primeira gestação a termo após os 30 anos. Especula-
se que a maturação mamária só ocorra após a primeira gestação a termo, quando há o completo 
desenvolvimento das unidades ducto lobulares terminais. Uma gravidez precoce, levada a termo, 
reduziria o tempo da atividade mitótica celular. Desta maneira, haveria redução na susceptibilidade 
a danos causados por agentes potencialmente genotóxicos. Acredita-se que a proteção de uma 
gravidez possa estar relacionada à ação de hormônios placentários como a gonadotrofina coriônica 
e o estriol (única fração estrogênica quase desprovida de atividade mitótica). Um a dois anos após a 
menarca, os brotos terminais diferenciam-se em lóbulos, que passam a ser classificados em tipos I, II 
e III, assim caracterizados:

Lóbulo tipo I: o ducto terminal possui de 4 a 10 dúctulos e maior celularidade;
Lóbulo tipo II: o ducto terminal possui em média 40 a 50 dúctulos por lóbulo
Lóbulo tipo III: existem 80 a 90 dúctulos por lóbulo.

As mamas das mulheres nulíparas têm uma maior proporção de lobos indiferenciados, do tipo I; 

estes não passaram pelo processo de diferenciação celular, possuindo uma maior concentração de 
células epiteliais passíveis de transformação neoplásica. As mulheres multíparas que desenvolveram 
câncer na pré-menopausa, apresentavam predomínio de lóbulos tipo I, em que há maior sensibilidade 
a fatores genotóxicos e mutações. Geralmente, mulheres multíparas possuem predominância de 
lóbulos tipo III: são mais refratárias à carcinogênese.

3.3.4 - História Familiar e Hereditariedade

Toda mulher possui algum grau de risco para o desenvolvimento do câncer mamário. Os fatores 

relacionados a esse desenvolvimento podem ser classificados como:

a) Esporádicos ou não hereditários: nesses cânceres as características genéticas não são 
herdadas. De 90% a 95% dos tumores malignos da mama são não hereditários e acontecem 
em idade mais avançada.

b) Hereditários ou familiares: nesses cânceres a predisposição genética é herdada ao nascimento. 
Respondem por 5% a 10% dos cânceres de mama. Possuem tendência à bilateralidade e ao 
acometimento de mulheres mais jovens.

A carcinogênese acontece em três etapas: iniciação, promoção e progressão. Essas são uma 

sequência de eventos que ocorrem no DNA nos quais fatores de promoção, que eventualmente 
resultem em células malignas, proliferam de forma irrestrita. Para que o tumor se desenvolva, todas 
essas etapas deverão ser vencidas. Os mecanismos iniciadores do câncer mamário são dois:

(a) perda da ação de genes supressores, que exercem função reguladora (este evento é mais 
frequente);

(b) ativação de proto-oncogenes. Nos tumores hereditários os genes supressores mais 
comumente mutados são o BRCA1 e o BRCA2. O primeiro favorece o aparecimento do câncer 
de mama e de ovário e o segundo está relacionado ao câncer de mama, tanto na mulher 
quanto no homem.