11

História da Radiologia

R

E

G - 

66

1

.9

3

3

 - C

O

PY

R

IG

H

T - B

0

0

1

Lenard, que realizou experiências para verificar se os raios catódicos podiam ser detectados fora do 

tubo, foi possivelmente o que chegou mais próximo da descoberta, mas não se deu conta de que a radiação 
observada seria uma mistura de raios catódicos e raios X, pensando trata-se apenas dos primeiros.

O fato de renomados cientistas não terem notado que estavam às voltas com um novo fenômeno 

tem a ver com a dificuldade de se “observar” aquilo que não se espera teoricamente. Por outro lado, como 
bem observou o conhecido historiador e filósofo da ciência Thomas S. Kuhn, é justamente a existência 
de investigações guiadas por paradigmas (um conjunto de problemas, expectativas teóricas, métodos 
e técnicas experimentais aceitas pelas comunidades científicas) que possibilita e mesmo conduz ao 
surgimento de anomalias, ou seja, “falhas” na natureza em se conformar inteiramente ao esperado.

A Röntgen cabe o mérito de ter “visto” aquilo que outros “olharam” mas não perceberam e de 

ter concentrado seus esforços e habilidades na investigação do novo fenômeno, cujas repercussões 
fizeram-se sentir de forma imediata e estrondosa. Não sem razão , portanto, foi lhe atribuído o 
primeiro Prêmio Nobel de Física, no ano de 1901.

Em sua primeira comunicação - Sobre Um Novo Tipo de Raios, uma comunicação preliminar - 

publicada em dezembro de 1895, na Alemanha, Röntgen escreveu:

“a mais impressionante característica desse fenômeno está no fato de que um agente ativo (RX) 
aqui passa através de um cartão preto o qual é opaco aos raios ultra-violeta e visíveis provenientes 
do sol ou do ARCO ELÉTRICO. Este agente também tem o poder de produzir uma ativa fluorescência, 
então resolvemos primeiro investigar a questão sobre quais os outros corpos que também possuíam 
essa propriedade.

Descobrimos que todos os corpos são transparentes a esse agente, mesmo em graus muito 
diferentes”

Röntgen experimentou o efeito dessa radiação em vários corpos, de materiais com espessuras e 

características diferentes: papel, um livro de aproximadamente 1000 páginas, folhas de latão, grossos 
blocos de madeira, placas de alumínio, placas de borracha. Esses materiais e alguns outros são, em 
maior ou menor grau, transparentes aos Raios X. Mas,

“...Placas de vidro de mesma espessura comportam-se de modo um pouco diferente caso tenham 

uma camada de chumbo ou não; as primeiras são muito menos transparentes que as últimas. Se a 
mão é colocada entre o tubo e a tela, a sombra escura dos ossos é vista dentro de uma sombra mas 
clara da mão propriamente dita (...) os resultados das experiências (...) conduzem à conclusão que a 
transparência das várias substâncias, para a mesma espessura, depende sobretudo da DENSIDADE 
dos corpos...”

As notícias já podiam correr mundo rapidamente com a melhoria das comunicações. O Brasil 

recebeu bem precocemente a notícia da descoberta.

1.4 - Mas Como são Produzidos os Raios X?

Hoje sabemos que os chamados raios catódicos são constituídos por elétrons de alta energia 

emitidos pelo catodo. Ao se chocarem violentamente com o anodo, os elétrons são rapidamente 
desacelerados. Pelo princípio da conservação da energia, a energia cinética perdida por cada elétron 
nessa colisão é convertida em energia radiante radiação eletromagnética de alta freqüência conhecida 
como raios X.

Desde a época de Röntgen, a questão de identificar a natureza dos raios X e da sua produção 

estava colocada.

Em seus primeiros passos para identificar a natureza dos raios X, ele usou um sistema de fendas 

para mostrar que os raios X se propagam em linha reta e não possuem carga elétrica, pois não são 
desviados pela ação de campos elétricos ou magnéticos. Este comportamento é muito semelhante 
ao da luz visível e não poderia ser diferente, pois se trata de radiação eletromagnética como aquela. 
A teoria eletromagnética clássica dava conta de explicar o fenômeno ao menos parcialmente, porque 
já se sabia que cargas elétricas aceleradas (neste caso com aceleração negativa, ou desaceleração) 
emitem radiação eletromagnética.

Entretanto, Röntgen não observou o fenômeno da DIFRAÇÃO, já que seu sistema de fendas tinha 

dimensões muito maiores que o comprimento de onda associado aos raios X.

Mais tarde, em 1905, C. G. Barkla realizou experimentos sobre ESPALHAMENTO dos raios X, isto é, 

o resultado da colisão destes raios com os átomos da rede cristalina de uma determinada substância.