Capítulo 3

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tendo como diretor geral o Barão de Pedro Afonso e diretor técnico o jovem bacteriologista. Em 
1902, Cruz assumiu a direção geral do novo Instituto. Este, por sua vez, ampliou suas atividades, não 
mais restringindo-se à fabricação de soro antipestoso, mas dedicando-se também à pesquisa básica 
aplicada e à formação de recursos humanos.

No ano seguinte, Oswaldo Cruz foi nomeado Diretor geral de Saúde Pública, cargo que corresponde 

atualmente ao de Ministro da Saúde. Utilizando o Instituto Soroterápico Federal como base de apoio 
técnico-científico, deflagrou memoráveis campanhas de saneamento. Em poucos meses, a incidência 
de peste bubônica diminuiu com o extermínio dos ratos, cujas pulgas transmitiam a doença.

Guerra contra o mosquito

Ao combater a febre amarela, na mesma época, Oswaldo Cruz enfrentou vários problemas. 

Grande parte dos médicos e da população acreditava que a doença se transmitia pelo contato com 
as roupas, suor, sangue e secreções de doentes. No entanto, Oswaldo Cruz acreditava em uma nova 
teoria: o transmissor da febre amarela era um mosquito. Assim, suspendeu as desinfecções, método 
tradicional no combate à moléstia, e implantou medidas sanitárias com brigadas que percorreram 
casas, jardins, quintais e ruas, para eliminar focos de insetos. Sua atuação provocou violenta reação 
popular.

Em 1904, a oposição a Oswaldo Cruz atingiu seu ápice. Com o recrudescimento dos surtos de 

varíola, o sanitarista tentou promover a vacinação em massa da população. Os jornais lançaram 
uma campanha contra a medida. O congresso protestou e foi organizada a Liga contra a vacinação 
obrigatória. No dia 13 de novembro, estourou a rebelião popular e, no dia 14, a Escola Militar da Praia 
Vermelha se levantou. O Governo derrotou a rebelião, mas suspendeu a obrigatoriedade da vacina, 
que foi o Movimento Revolta das Vacinas.

Oswaldo Cruz acabou vencendo a batalha. Em 1907, a febre amarela estava erradicada do Rio 

de Janeiro. Em 1908, uma epidemia de varíola levou a população aos postos de vacinação. O Brasil 
finalmente reconhecia o valor do sanitarista.

No mundo científico internacional, porém, seu prestígio era já incontestável. Em 1907, no XIV 

Congresso Internacional de Higiene e Demografia de Berlim, recebeu a medalha de ouro pelo trabalho 
de saneamento do Rio de Janeiro. Oswaldo Cruz ainda reformou o Código Sanitário e reestruturou 
todos os órgãos de saúde e higiene do país.

Em 1909, deixou a Diretoria Geral de Saúde Pública, passando a se dedicar apenas ao Instituto 

de Manguinhos, que fora rebatizado com o seu nome. Do Instituto lançou importantes expedições 
científicas que possibilitaram a ocupação do interior do país. Erradicou a febre amarela no Pará e 
realizou a campanha de saneamento da Amazônia. Permitiu, também, o término das obras da Estrada 
de Ferro Madeira-Mamoré, cuja construção havia sido interrompida pelo grande número de mortes 
entre os operários, provocadas pela malária.

Em 1913, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras. Em 1915, por motivos de saúde, abandonou 

a direção do Instituto Oswaldo Cruz e mudou-se para Petrópolis. Eleito prefeito daquela cidade, 
traçou vasto plano de urbanização, que não pode ver construído. Sofrendo de crise de insuficiência 
renal, morreu a 11 de fevereiro de 1917, com apenas 44 anos.