Capítulo 2

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da Santa Inquisição. O hospital, já negligenciado, passa a ser um insalubre depósito de doentes, onde 
homens, mulheres e crianças utilizam as mesmas dependências, amontoados em leitos coletivos.

  Sob exploração deliberada, considerada um serviço doméstico, pela queda dos padrões morais 

que a sustentava, a prática de enfermagem tornou-se indigna e sem atrativos para as mulheres de 
casta social elevada. Esta fase tempestuosa, que significou uma grave crise para a Enfermagem, 
permaneceu por muito tempo e apenas no limiar da revolução capitalista é que alguns movimentos 
reformadores, que partiram, principalmente, de iniciativas religiosas e sociais, tentam melhorar as 
condições do pessoal a serviço dos hospitais. As práticas de saúde no mundo moderno analisam 
as ações de saúde e , em especial, as de Enfermagem, sob a ótica do sistema político-econômico 
da sociedade capitalista. Ressaltam o surgimento da Enfermagem como atividade profissional 
institucionalizada. Esta análise inicia-se com a Revolução Industrial no século XVI e culmina com o 
surgimento da Enfermagem moderna na Inglaterra, no século XIX. 

2.1 - A Enfermagem Moderna

O avanço da Medicina vem favorecer a reorganização dos hospitais. É na reorganização da 

Instituição Hospitalar e no posicionamento do médico como principal responsável por esta 
reordenação, que vamos encontrar as raízes do processo de disciplina e seus reflexos na Enfermagem, 
ao ressurgir da fase sombria em que esteve submersa até então. Naquela época, estiveram sob piores 
condições, devido a predominância de doenças infecto-contagiosas e a falta de pessoas preparadas 
para cuidar dos doentes. 

Os ricos continuavam a ser tratados em suas próprias casas, enquanto os pobres, além de não 

terem esta alternativa, tornavam-se objeto de instrução e experiências que resultariam num maior 
conhecimento sobre as doenças em benefício da classe abastada. É neste cenário que a Enfermagem 
passa a atuar, quando Florence Nightingale é convidada pelo Ministro da Guerra  da Inglaterra para 
trabalhar junto aos soldados feridos em combate na Guerra da Criméia.

2.2 - Período Florence Nightingale

Nascida a 12 de maio de 1820, em Florença, Itália, era filha de ingleses. Possuía inteligência incomum, 

tenacidade de propósitos, determinação e perseverança - o que lhe permitia dialogar com políticos 
e oficiais do Exército, fazendo prevalecer suas idéias. Dominava com facilidade o inglês, o francês, o 
alemão, o italiano, além do grego e latim. No desejo de realizar-se como enfermeira, passa o inverno 
de 1844 em Roma, estudando as atividades das Irmandades Católicas. Em 1849 faz uma viagem ao 
Egito e decide-se a servir a Deus, trabalhando em Kaiserswert, Alemanha, entre as diaconisas. Decidida 
a seguir sua vocação, procura completar seus conhecimentos que julga ainda insuficientes. Visita o 
Hospital de Dublin dirigido pela Irmãs de Misericórdia, Ordem Católica de Enfermeiras, fundada 20 
anos antes. Conhece as Irmãs de Caridade de São Vicente de Paulo, na Maison de la Providence em 
Paris. Aos poucos vai se preparando para a sua grande missão. Em 1854, a Inglaterra, a França e a 
Turquia declaram guerra à Rússia: é a Guerra da Criméia. Os soldados acham-se no maior abandono. 

A mortalidade entre os hospitalizados é de 40%. Florence partiu para Scutari com 38 voluntárias 

entre religiosas e leigas vindas de diferentes hospitais. Algumas enfermeiras foram despedidas por 
incapacidade de adaptação e principalmente por indisciplina. A mortalidade decresce de 40% para 
2%. Os soldados fazem dela o seu anjo da guarda e ela será imortalizada como a “Dama da Lâmpada” 
porque, de lanterna na mão, percorre as enfermarias, atendendo os doentes. Durante a guerra contrai 
tifo e ao retornar da Criméia, em 1856, leva uma vida de inválida. Dedica-se porém, com ardor, a 
trabalhos intelectuais. Pelos trabalhos na Criméia, recebe um prêmio do Governo Inglês e, graças a 
este prêmio, consegue iniciar o que para ela é a única maneira de mudar os destinos da Enfermagem 
- uma Escola de Enfermagem em 1959. 

Após a guerra, Florence fundou uma escola de Enfermagem no Hospital Saint Thomas, que 

passou a servir de modelo para as demais escolas que foram fundadas posteriormente. A disciplina 
rigorosa, do tipo militar, era uma das características da escola nightingaleana, bem como a exigência 
de qualidades morais das candidatas. O curso, de um ano de duração, consistia em aulas diárias 
ministradas por médicos. Nas primeiras escolas de Enfermagem, o médico foi de fato a única pessoa 
qualificada para ensinar. A ele cabia então decidir quais das suas funções poderiam colocar nas 
mãos das enfermeiras. Florence morre em 13 de agosto de 1910, deixando florescente o ensino de 
Enfermagem. 

Figura 2.0 - Florence 

Nightingale- (1820 -1910).