Capítulo 1
14
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A área na qual Fernanda encontrou maior possibilidade de melhoria foi a Divisão de Enfrentamento
ao Superfaturamento de Obras Públicas (Desop). Sua intenção era implantar um sistema unificado
que proporcionasse a troca célere e desburocratizada de informações entre o Ministério e o Tribunal
de Contas da União (TCU), o que facilitaria bastante o andamento dos processos. No entanto, seu
chefe demonstrou uma oposição sistemática e injustificada às suas ideias. Inclusive a ridicularizava
em diversas oportunidades diante de seus pares e subordinados. Quando apresentou o projeto de
cooperação com o TCU, obteve como resposta: “A moça está achando que o TCU vai colaborar? Você
precisa de muito mais do que um cursinho fora do país para vir apitar aqui.”
Apesar desse fato, Fernanda procurou não se abalar e decidiu concentrar suas atenções em outro
projeto. No entanto, não havia sinais de que a situação estava melhorando. Empecilhos foram criados
como justificativa para a não implementação de seus projetos. Fernanda se sentia impotente, pois não
conseguia controlar as variáveis que comprometiam o alcance dos resultados traçados para a sua gerência.
Suas atribuições foram paulatinamente retiradas, culminando na perda de seu cargo comissionado.
Fernanda sempre encarou o trabalho como parte central de sua vida. Sentia que seu conhecimento
ameaçava a liderança de seu chefe imediato e que o fato de ser mulher o incomodava ainda mais. O
trabalho perdeu o sentido para ela, o que afetou também outras esferas de sua vida.
A servidora entrou em um processo de depressão, que se agravou com o passar dos meses. Não
tinha mais vontade de sair de casa para o trabalho, mas fazia um grande esforço para não ter faltas e
gerar motivos para que o chefe a repreendesse ainda mais. A sua equipe de trabalho resolveu adotar
um pacto de silêncio, apesar do sofrimento da colega. O pensamento que pairava era: “Não é comigo
e também não quero me envolver para não me prejudicar.”
Fernanda, então, resolveu publicar na intranet uma carta denunciando sua situação e acusando
o secretário-executivo de assédio moral. Essa carta foi recebida com frieza e ninguém se manifestou,
pois temiam retaliações. A área de recursos humanos, mesmo ciente do problema, resolveu deixar
a “ferida” para ser tratada em outro momento, e manteve seu foco em outros afazeres internos.
A situação foi reportada à Comissão de Ética do Ministério, que não levou adiante a denúncia por
entender que a alegação não estava motivada. Desesperada, encaminhou a carta ao órgão regional
de defesa das mulheres, onde, por questões de lentidão burocrática ou por não se dar muita atenção
às demandas, as respostas demoravam muito a aparecer.
Passado um ano, Fernanda não suportou mais aquela situação e se suicidou em sua sala de trabalho.
Analisando o estudo de caso:
Após conhecermos um pouco mais, sobre quem é o administrador e o que é administração, como
podemos analisar a postura do chefe de Fernanda.
Como podemos analisar a estrutura de tomada de decisão dentro dos processos administrativos,
levando em consideração a falta de êxito de Fernanda em atingir o sucesso de seus projetos
profissionais.
O que entendemos por assédio moral?