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Introdução à Ética

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Progresso científico e tecnológico. A ciência substituiu o lugar que antes era ocupado pela religião 

na condução dos homens. Os cientistas foram apontados como os novos sacerdotes. O balanço desta 
substituição continua a ser objeto de enormes polemicas, mas três coisas são hoje evidentes: 

a) A ciência e a tecnologia mudaram o mundo possibilitando uma melhoria muito significativa 
da vida de uma parte significativa da humanidade. Apesar do imenso bem estar por 
proporcionado, a verdade é que as desigualdades a nível mundial não diminuíram antes se 
acentuaram. Uns não sabem o que fazer a tanto desperdício, outros lutam diariamente por 
obter restos que lhes permitam sobreviver.  

b) Não parecem existir limites para o desenvolvimento da ciência e da técnica. Aquilo 
que era antes impensável tornou-se hoje banal: manipulações genéticas, clonagem de 
seres, inseminação  artificial, morte assistida etc. Valores tidos por sagrados são agora 
quotidianamente aniquilados por experiências científicas. 

c) O progresso humano fez-se mais lentamente que o progresso científico e tecnológico, ou dito 
de outro modo, o progresso moral não acompanhou o científico. Ao longo de todo o século XX 
inúmeras foram as figuras do mundo da ciência e da técnica envolvidas em intermináveis de 
atos de pura barbárie, em nada se distinguindo dos antigos “selvagens”.

O século XIX e XX foi por tudo isto marcado pelo aparecimento de um enorme número de teorias 

éticas, mas também pela própria crítica dos fundamentos da moral. Esta pluralidade revela igualmente 
a enorme dificuldade que os homens têm sentido em estabelecer consensos sobre as normas em que 
devem de assentar as suas relações. Vejamos: 

Kant (1724-1804). Partindo de uma concepção universalista do homem, afirma que este só age 

moralmente quando, pela sua livre vontade, determina as suas ações com a intenção de respeitar os 
princípios que reconheceu como bons. O que o motiva, neste caso, é o puro dever de cumprir aquilo 
que racionalmente estabeleceu sem considerar as suas consequências. A moral assume assim, um 
conteúdo puramente formal, isto é, não nos diz o que devemos fazer (conteúdo da ação), mas apenas 
o princípio (forma) que devemos seguir para que a ação seja considerada boa.  

Jeremy Bentham(1748-1832) e Stuart Mill (1806-1873) desenvolveram uma ética baseada no princípio 

da utilidade. As ações morais são avaliadas em função das consequências morais que originam para 
quem as pratica, mas também para quem recai os resultados. Princípio que deve nortear a ação moral: 
“A máxima felicidade possível para o maior número possível de pessoas”. O Bom é aquilo que for útil 
para o maior número de pessoas, melhorando o bem-estar de todos, e o Mal o seu contrário. 

Habermas (1929). Após a 2ª.Guerra Mundial, Habermas surge a defender uma ética baseada 

no diálogo entre indivíduos em situação de equidade e igualdade. A validade das normas morais 
depende de acordos livremente discutidos e aceites entre todos os implicados na ação.

Figura 1.10 - Jeremy 

Bentham(1748-1832)

Figura 1.11 - Stuart Mill (1806-1873)

Figura 1.12 - Jürgen Habermas

Figura 1.9 - 

Kant (1724-

1804).