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Prepare o Material de sua Apresentação

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Dito isto, parece óbvio que as imagens estão muito mais próximas da realidade do que as palavras.  

Enquanto as imagens são referências diretas ao que lá está, as palavras podem ser muito vagas no que 
concerne ao que elas pretendem referir. Mas visto que o ponto de partida de todo o convencimento 
é a realidade, esta é a grande premissa da arte retórica; não há retórica que valha contra a realidade! 
Daí que haja necessidade de verificar pelos sentidos aquilo que se ouve. É próprio de quem é humano 
ser como o apóstolo Tomé, ver com os próprios olhos e tocar com as próprias mãos para acreditar. 
Acredita-se no que se vê ou então naquilo que pode ser confirmado com os próprios olhos. Os juízes 
finais da realidade são os sentidos.

De certo modo, ver uma imagem, sobre- tudo uma fotografia, é como ver a própria coisa.  Ficamos 

de igual modo convencidos quando vemos a fotografia de um acontecimento, tal como se lá 
tivéssemos estado e visto com os próprios olhos.

É esta força das imagens, a sua ligação direta à realidade bem concreta e definida, que a propaganda 

e a publicidade hoje em dia utilizam em catadupa. Quando não há imagens do publicitado, constroem-
se, nomeadamente por associação ou por simbolização. Há imagens para perfumes, e associam- se 
imagens de plantas e de jardins, imagens de solidariedade, uma mão que agarra outra, imagens de 
justiça, o símbolo da mulher de olhos vendados, com a espada na mão, e a balança noutra.

Com a facilidade de fazer imagens nos nossos dias, fotografia, vídeo, a simplificação, a 

miniaturização e portabilidade das respectivas câmaras, e o seu baixo custo, o uso da imagem 
universalizou-se e trivializou-se nos mais diferentes domínios da vida humana.  Neste momento, 
encontramo-nos na fase das imagens virtuais que representam visualmente o que até agora não era 
possível de representar (o big-bang) e antecipam a realidade do futuro em maquetas de realidade 
virtual (apartamentos, pontes, aeroportos, ainda por construir).

2.5.5 - As apresentações gráficas

A invasão das imagens nos processos de convencimento tem um exemplo conhecido no crescente 

número de comunicações públicas feitas com a ajuda de retroprojetores ou então de projeções 
animadas por computa- dor.  Há oradores (conferencistas, professores) que não são capazes de fazer 
uma exposição seca, unicamente oral, sem os condimentos visuais. Mas mais do que o facilitar a vida 
ao orador, o que interessa aqui é a apetência que os públicos têm pelas apresentações em que não se 
limitam a ouvir, mas em que também podem visualizar gráficos, esquemas, organogramas, fotografias, 
e até palavras. Com efeito, há conferencistas que se limitam a ir lendo o que vão projetando. O que se 
passa à primeira vista, é que existe uma tendência para ocupar os vários senti- dos, audição e visão, 
e quanto maior for a envolvência sensitiva, tanto mais fácil será a captação da atenção do público.

As apresentações gráficas não se restringem aos objetos, mas estendem-se também às relações. É 

frequentemente um traço, uma linha, uma seta designar uma relação de antecedente-consequente, 
de causa-efeito, de condição-condicionado, de premissa-conclusão. A representação linear, gráfica, 
simboliza a relação temporal, física, lógica, que normalmente são expressas pela linguagem.

Tais representações gráficas de relações lógicas são usualmente uma simplificação, por vezes 

tremenda, que torna muito mais fácil o acompanhamento de quem ouve, e vê, das ideias do orador.  
É que há uma ambiguidade nos grafismos, quase plástica, que dá para todos. No momento em que 
houver necessidade de determinar de forma clara o tipo de relação em vista, e isso só poderá ser feito 
por palavras, então a simplicidade desaparece e surgem as incongruências e dissonâncias.

Na crítica que faz à televisão em Amusing Ourselves to Death, Postman dá-se bem conta de como 

a veiculação do discurso público pelos meios de comunicação audiovisuais transforma radicalmente 
a natureza do discurso e mesmo toda a sociedade. A análise que faz é de como a televisão representa 
o fim do espírito tipográfico no discurso público.

A expansão da televisão no quotidiano das pessoas significa uma alteração no seu modo de 

percepcionar, pensar e viver, ou seja, dá azo a uma nova epistemologia. É que, pelo princípio da 
ressonância, um meio ultrapassa o contexto inicial e restrito do seu uso, ele induz a uma nova maneira 
de organizar a mente e a outras formas de assimilação da interfere geralmente nas nossas concepções 
de bondade e de beleza, e sempre na de verdade.

Dito isto, Postman procura demonstrar ao longo do livro de que “o declínio da epistemologia 

tipográfica e a concomitante ascensão da epistemologia televisiva tem graves consequências na vida 
pública, que desse modo nos tornamos cada vez mais néscios. ”