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Prepare o Material de sua Apresentação

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Após verificar as transições, é hora de focar sua atenção na gramática e no uso da linguagem. 

Este é um estágio de refinamento.

Uma opção segura é fazer o tom levemente formal sem torná-lo aborrecido. Em geral, é mais 
apropriado usar a terceira pessoa- eles, ele, dela. Entretanto, não hesite em utilizar a primeira 
pessoa - eu, nós - quando apropriado. Tente não carregar muito no uso da primeira pessoa, 
mas não o evite completamente;
Evite expressar-se de maneira negativa e utilize termos positivos sempre que puder. “Desafios” 
ou “oportunidades” é melhor que “problemas”;
Usar linguagem realista reflete um tom amistoso e convincente. Expressões extravagantes só 
servem para confundir os ouvintes;
Leia seu esboço cuidadosamente. Leia-o novamente;
Faça quaisquer mudanças que puderem ser mais enfáticas para certas ideias;
Enquanto lê, comece a imaginar quais diagramas, gravuras ou gráficos podem ajudá-lo na 
explicação;
Se houver uma ideia que não acompanhe um recurso visual, torne-a breve e relacione-a com 
outra que o tenho.

2.5 - O Poder das Palavras e a Força das Imagens

2.5.1 - O Exemplo da hipotipose

Das figuras retóricas destaca-se a hipotipose, provavelmente a mais explosiva de todas, figura 

que procura mediante uma descrição viva de uma situação impressionar e convencer o auditório. Na 
literatura portuguesa é sobejamente conhecida a brilhante hipotipose que o Pe António Vieira faz 
no Sermão contra as Armas de Holanda, quando descreve o que sucederia quando os protestantes 
holandeses entrassem na católica cidade da Baía: 

“E para que o vejais com cores humanas, que já vos não são estranhas, dai-
me licença, que eu vos represente primeiro ao vivo as lástimas e misérias deste 
futuro dilúvio (...)  Finjamos pois o que até fingido e imaginado faz horror; 
finjamos que vem a Baía e o resto do Brasil a mãos dos holandeses. (...) Entrarão 
os hereges nesta igreja e nas outras; arrebatarão essa custódia em que agora 
estais adorado dos Anjos; tomarão os cálices e vasos sagrados, e aplica-los-ão 
a suas nefandas embriaguezes; derrubarão dos altares os vultos e estátuas dos 
Santos; deformá-las-ão a cutiladas, e metê-las-ão no fogo; e não perdoarão as 
mãos furiosas e sacrílegas nem às imagens tremendas de Cristo crucificado, nem 
às da Virgem Maria”.

O poder das palavras aqui reside justamente na força das imagens que suscitam. Aos auditores 

lhes é pintado ‘em cores’ e ‘ao vivo’ os horrores sacrílegos do ‘futuro dilúvio’.  Deste modo a hipotipose 
basta-se a si mesma, isto é, não necessita de ir buscar a sua força a premissas anteriores; não se funda 
numa cadeia argumentativa.  O convencimento aqui nasce da própria situação descrita e é tanto 
maior quanto mais carregados forem os traços e mais vivas as cores da descrição.

Mas se a hipotipose assenta na capacidade pictórica das palavras e, portanto, na capa- cidade 

imaginativa do ouvinte, então a apresentação de imagens ‘reais’ e não fantasia- das, reforça ainda 
mais a função retórica da hipotipose.  É aqui que uma imagem vale mais do que mil palavras e é 
neste ponto que a mais pobre reportagem televisiva suplanta a mais rica reportagem radiofónica. É 
preferível ver a imaginar.

Retomando a citada hipotipose do Pe António Vieira, mais impressionante que o relato dos 

sacrilégios seria o seu visionamento numa peça audiovisual, fácil de montar. Poder-se-ia ver a custódia 
ser arrebatada violentamente do altar, a hóstia ser deitada ao chão, poder-se-ia ver em pormenor a 
profanação do templo e das alfaias litúrgicas, e a mutilação das estátuas de santos, em particular as 
do Cristo e as da Virgem.