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Introdução a Biossegurança
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A doença infecciosa é uma manifestação clínica de um desequilíbrio no sistema parasito-
hospedeiro-ambiente, causado pelo aumento da patogenicidade do parasita em relação aos
mecanismos de defesa anti-infecciosa do hospedeiro, ou seja, quebra-se a relação harmoniosa
entre as defesas do nosso corpo e o número e virulência dos germes, propiciando a invasão deles
nos órgãos do corpo. Alguns microrganismos possuem virulência elevada podendo causar infecção
no primeiro contato, independente das nossas defesas. Outros, usualmente encontrados na nossa
microbiota normal, não são tão virulentos, mas podem infectar o nosso organismo se diminuímos a
nossa capacidade de defesa.
A capacidade de defesa anti-infecciosa é multifatorial, pois é influenciada pela nossa idade
(bebês e idosos), estado nutricional, doenças e cirurgias, stress, uso de corticoides, quimioterapia,
radioterapia, doenças imunossupressoras (HIV, leucemia), fatores climáticos e precárias condições de
higiene e habitação.
Na natureza, o estado de esterilidade, definido como ausência de microrganismo vivo, é
excepcional e transitoriamente encontrado no feto durante a gestação, excluindo os casos de bebês
contaminados via placentária pela mãe. O contato com os microrganismos começa com o nascimento,
durante a passagem pelo canal vaginal do parto, onde a criança se contamina com os germes da
mucosa vaginal e então se coloniza mantendo-se por toda a sua existência, até a decomposição total
do organismo após a sua morte.
1.2 - Biossegurança na Saúde
1.2.1 - História
“O isolamento de pessoas com doenças contagiosas é praticado desde tempos antigos, como fica
evidente a partir dos relatos bíblicos sobre as colônias de leprosos.”
“O isolamento de um grupo de pessoas para evitar infecção generalizada remonta ao século XIV.
Os navios que retornavam de portos mediterrâneos onde houvesse doenças epidêmicas ou aqueles
com um doente incomum a bordo, precisavam submeter-se a um período de 40 dias de isolamento
do navio, carga, passageiros e tripulação.” (CASTLE; AJEMIAN, 1987).
“Este procedimento conhecido como quarentena é proveniente da palavra quarenta, que significa
quarenta em italiano” (Oxford Reference Dictionary, 1986). As precauções de isolamento são cruciais
para o controle eficaz de infecções nos ambientes hospitalares.
As práticas de isolamento desenvolveram-se consideravelmente ao longo dos últimos 150 anos;
os sistemas e procedimentos atuais de isolamento são racionais e com base científica. Os padrões
epidemiológicos das doenças modificam-se e as precauções de isolamento têm como meta evitar sua
disseminação. (GAMMON, 1998).
Historicamente, o Centro de Controle de Doenças (CDC – Center for Disease Control), um órgão dos
Estados Unidos da América, tem regulamentado as questões relativas às precauções e isolamentos.
Já em 1970, dividia os tipos de isolamento em sete categorias determinadas pelas características
epidemiológicas da doença e por suas formas de transmissão. Na década de 80, com a constatação
da transmissão ocupacional de várias doenças transmissíveis, bem como da síndrome recentemente
identificada, a AIDS, sentiu- se a necessidade de utilizar técnicas de isolamento, na assistência a todos
os pacientes, independentemente de sua suspeita diagnóstica.
Foi assim que, em 1985, o CDC publicou as precauções universais, que recomendavam o uso de medidas
de barreira todas as vezes que houvesse a possibilidade de contato com sangue, secreções e/ou fluidos
corpóreos, independentemente do conhecimento do diagnóstico ou status sorológico do paciente.
Visando reduzir o risco de transmissão de microrganismos a partir de fontes conhecidas ou não,
propôs-se em serviços de saúde a utilização de novas medidas chamadas precauções padrão (PP). As
PP incluem o uso de barreiras, de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e deve ser aplicada toda
vez que houver a possibilidade de contato com sangue, secreções, excreções e/ou fluidos corpóreos,
de pele não íntegra e mucosa, com exceção do suor (PEDST/ Aids, 1998).