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A Necessidade De Sistemas Sustentáveis De Produção De Alimentos

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4.1.5 - Controle químico de pragas e de ervas adventícias

Após a Segunda Guerra Mundial, os agrotóxicos foram amplamente vangloriados como a nova 

e científica arma na guerra da humanidade contra pragas e patógenos7 de plantas. Esses agentes 
químicos tinham o atrativo de oferecer aos produtores uma maneira de livrar suas lavouras, de uma vez 
por todas, de organismos que, continuamente, ameaçavam seus cultivos e, literalmente, consumiam 
seus lucros. Mas essa promessa provou ser falsa. Agrotóxicos podem baixar dramaticamente a 
população de pragas a curto prazo, mas, como também matam seus predadores naturais, essas 
populações podem, com freqüência, recuperar-se e alcançar números ainda maiores do que antes. 
O agricultor é, então, forçado a usar mais agentes químicos. A dependência resultante do seu uso 
foi chamada de “a rotina dos agrotóxicos”. Ao problema da dependência soma-se o fenômeno de 
aumento da resistência: as populações de pragas expostas continuamente são submetidas a uma 
intensa seleção natural de resistência aos agrotóxicos. Quando a resistência das pragas aumenta, 
os agricultores são forçados a aplicar quantidades maiores ou a usar princípios ativos diferentes, 
contribuindo, assim, para as condições que promovem maior resistência.

Embora o problema da dependência de agrotóxicos seja amplamente reconhecido, muitos 

agricultores - especialmente aqueles de países em desenvolvimento - não usam outras opções. 
As vendas globais de agrotóxicos têm continuado em uma tendência ascendente, alcançando um 
recorde de 25 bilhões de dólares em 1994. Ironicamente, as perdas totais de colheitas por pragas 
permaneceram razoavelmente constantes, a despeito do aumento no uso de agrotóxicos.

Além de custarem uma grande quantia de dinheiro aos agricultores, os agrotóxicos - incluindo 

herbicidas - podem ter um efeito profundo no ambiente e, freqüentemente, sobre a saúde humana. 
Agrotóxicos aplicados a lavouras são facilmente lavados e lixiviados para a água superficial e 
subterrânea, onde entram na cadeia alimentar, afetando populações animai sem todos os níveis e, 
normalmente, persistindo por décadas.

4.1.6 - Manipulação de genomas de plantas

Por milhares de anos, os seres humanos têm feito seleção, buscando características específicas 

nas plantas cultivadas; na realidade, tal manipulação de espécies silvestres foi uma das bases do início 
da agricultura. Em décadas recentes, entretanto, avanços tecnológicos causaram uma revolução na 
manipulação dos genes8 das plantas. Primeiro, avanços nas técnicas de cruzamento permitiram a 
produção de sementes híbridas9, que combinam as características de duas ou mais linhagens de 
plantas. Variedades de plantas híbridas podem ser muito mais produtivas do que suas variedades 
semelhantes não híbridas e têm sido, conseqüentemente, um dos fatores principais por trás dos 
aumentos de rendimento obtidos durante a assim chamada “revolução verde”. As variedades 
híbridas, contudo, requerem, com freqüência, condições ótimas – incluindo a aplicação intensiva de 
fertilizantes inorgânicos – a fim de atingir seu potencial produtivo. Muitas requerem a aplicação de 
agrotóxicos para protegê-Ias de ataques de pragas, porque a elas falta a resistência às pragas que 
têm suas parentes não híbridas. Além disso, as plantas híbridas não podem produzir sementes com 
o mesmo genoma10 que seus pais, tomando os agricultores dependentes de produtores comerciais.

Mais recentemente, avanços na engenharia genética permitiram a produção “por encomenda” 

de variedades de plantas, através da habilidade de recombinar com seu genoma, os genes oriundos 
de diversos organismos. Plantas criadas por engenharia genética ainda serão usadas amplamente na 
agricultura, mas há pouca dúvida de que prevalecerão se o rendimento e o retomo do investimento 
continuarem a ser os únicos critérios de avaliação.

4.2 - Por que a Agricultura Convencional não é Sustentável

Todas as práticas da agricultura convencional tendem a comprometer a produtividade futura em 

favor da alta produtividade no presente. Portanto, sinais de que as condições necessárias para sustentar 
a produção estão sendo erodidas devem ficar cada vez mais evidentes com o tempo. Hoje, na verdade, 
há um grande cabedal de evidências de que essa erosão está ocorrendo. Na última década, por exemplo, 
todos os países nos quais práticas da “revolução verde” foram adotadas em larga escala experimentaram 
declínios recentes na taxa de crescimento anual do setor agrícola. Ademais, em muitas áreas onde as 
práticas modernas foram instituídas para cultivar grãos na década de 1960 (sementes melhoradas, 
monocultura e aplicação de fertilizantes), os rendimentos começaram a se manter no mesmo nível e, 
até, decaíram após os espetaculares aumentos iniciais. Globalmente, aumentos de rendimento têm-