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O Que não é Agroecologia

Em anos mais recentes, a referência constante à Agroecologia, que se constitui em mais uma 

expressão sócio-política do processo de ecologização, tem sido bastante positiva, pois nos faz lembrar 
de estilos de agricultura menos agressivos ao meio ambiente, que promovem a inclusão social e 
proporcionam melhores condições econômicas aos agricultores. Nesse sentido, são comuns as 
interpretações que vinculam a Agroecologia com “uma vida mais saudável”; “uma produção agrícola 
dentro de uma lógica em que a natureza mostra o caminho”; “uma agricultura socialmente justa”; “o 
ato de trabalhar dentro do meio ambiente, preservando-o”; “o equilíbrio entre nutrientes, solo, planta, 
água e animais”; “o continuar tirando alimentos da terra sem esgotar os recursos naturais”; “um novo 
equilíbrio nas relações homem e natureza”; “uma agricultura sem destruição do meio ambiente”; “uma 
agricultura que não exclui ninguém”; entre outras. Assim, o uso do termo Agroecologia nos tem trazido 
a idéia e a expectativa de uma nova agricultura capaz de fazer bem ao homem e ao meio ambiente.

Entretanto, se mostra cada vez mais evidente uma profunda confusão no uso do termo 

Agroecologia, gerando interpretações conceituais que, em muitos casos, prejudicam o entendimento 
da Agroecologia como ciência que estabelece as bases para a construção de estilos de agriculturas 
sustentáveis e de estratégias de desenvolvimento rural sustentável. Não raro, tem-se confundido a 
Agroecologia com um modelo de agricultura, com a adoção de determinadas práticas ou tecnologias 
agrícolas e até com a oferta de produtos “limpos” ou ecológicos, em oposição àqueles característicos 
dos pacotes tecnológicos da Revolução Verde. Exemplificando, é cada vez mais comum ouvirmos frases 
equivocadas do tipo: “existe mercado para a Agroecologia”; “a Agroecologia produz tanto quanto 
a agricultura convencional”; “a Agroecologia é menos rentável que a agricultura convencional”; “a 
Agroecologia é um novo modelo tecnológico”. Em algumas situações, chega-se a ouvir que, “agora, a 
Agroecologia é uma política pública” ou “vamos fazer uma feira de Agroecologia”. Apesar da provável 
boa intenção do seu emprego, todas essas frases estão equivocadas, se entendermos a Agroecologia 
como um enfoque científico. Na verdade, essas interpretações expressam um enorme reducionismo 
do significado mais amplo do termo Agroecologia, mascarando sua potencialidade para apoiar 
processos de desenvolvimento rural sustentável.

REVOLUÇÃO VERDE

A Revolução Verde refere-se à invenção e disseminação de novas sementes e práticas agrícolas 

que permitiram um vasto aumento na produção agrícola em países menos desenvolvidos durante as 
décadas de 60 e 70.

O modelo se baseia na intensiva utilização de sementes melhoradas (particularmente sementes 

híbridas), insumos industriais (fertilizantes e agrotóxicos), mecanização e diminuição do custo de 
manejo. Também são creditados à revolução verde o uso extensivo de tecnologia no plantio, na 
irrigação e na colheita, assim como no Gerenciamento de produção. 

Esse ciclo de inovações se iniciou com os avanços tecnológicos do pós-guerra, embora o termo 

revolução verde só tenha surgido na década de 70. Desde essa época, pesquisadores de países 
industrializados prometiam, através de um conjunto de técnicas, aumentar estrondosamente as 
produtividades agrícolas e resolver o problema da fome nos países em desenvolvimento. 

A introdução destas técnicas em países menos desenvolvidos provocou um aumento brutal na 

produção agrícola de países não-industrializados. Países como o Brasil e a Índia foram alguns dos 
principais beneficiados. 

No Brasil, passaram a desenvolver tecnologia própria, tanto em instituições privadas quanto 

em agências governamentais (como a EMBRAPA) e universidades. A partir da década de 90, a 
disseminação destas tecnologias em todo o território nacional permitiu que o Brasil vivesse um surto 
de desenvolvimento agrícola, com o aumento da fronteira agrícola, a disseminação de culturas em 
que o país é recordista de produtividade (como a soja, o milho e o algodão, entre outros), atingindo 
recordes de exportação. Há quem chame esse período da história brasileira de Era do Agronegócio 
(ou Era do Agrobusiness, embora esse último termo soe provocativo em alguns círculos nacionalistas).