Capítulo 2

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O mercado interno ainda é pequeno, com predominância de hortifrutigranjeiros, todavia o 

potencial de crescimento é enorme. A taxa de crescimento no Brasil já é estimada em 50% anual. 

As organizações não governamentais foram entidades pioneiras na introdução e divulgação da 

produção agroecológica em Santa Catarina, como de resto no Brasil. Entretanto, nos últimos anos, as 
universidades e o sistema de pesquisa e extensão também se voltaram a este importante segmento.

A HISTÓRIA DA AGROECOLOGIA

As duas ciências das quais a agroecologia deriva - a ecologia e a agronomia - tiveram um 

relacionamento tenso durante o século XX. A ecologia ocupou-se principalmente do estudo de 
sistemas naturais, enquanto a agronomia tratou da aplicação de métodos de investigação científica à 
prática da agricultura. A fronteira entre a ciência pura e a natureza, por um lado, e a ciência aplicada e 
o esforço humano, por outro, manteve as duas disciplinas relativamente separadas, com a agricultura 
cedida ao domínio da agronomia. Com poucas exceções importantes, apenas recentemente foi 
devotada mais atenção à análise ecológica da agricultura.

Uma das primeiras ocasiões de cruzamento fértil entre a ecologia e a agronomia ocorreu no 

final dos anos 20, com o desenvolvimento do campo da ecologia de cultivos. Aos ecologistas de 
plantas cultivadas interessava onde eram feitos os plantios e as condições ecológicas nas quais eles 
cresciam melhor. Nos anos 30, estes ecologistas, na verdade, propuseram o temo agroecologia como 
a ecologia aplicada à agricultura. No entanto, uma vez que a ecologia estava se tomando uma ciência 
mais experimental de sistemas naturais, os ecologistas deixaram a “ecologia aplicada” à agricultura 
para os agrônomos, e o Termo agroecologia parece ter sido esquecido.

Após a Segunda Guerra Mundial, enquanto a ecologia movia-se na direção da ciência pura, a 

agronomia tomou-se cada vez mais orientada por resultados, em parte por causa da mecanização 
crescente da agricultura e pelo uso mais difundido de produtos químicos agrícolas. Os pesquisadores, 
em cada área, ficaram menos propensos a ver pontos comuns entre as disciplinas, e a distância entre 
elas alargou-se.

No final dos anos 50, o amadurecimento do conceito de ecossistema deflagrou um certo interesse 

renovado na ecologia de cultivos e algum trabalho no que foi denominada ecologia agrícola. O 
conceito de ecossistema forneceu, pela primeira vez, uma estrutura básica geral para se examinar 
a agricultura a partir de uma perspectiva ecológica, embora poucos pesquisadores, na realidade, a 
usassem dessa forma.

Ao longo dos anos 60 e 70, o interesse em aplicar a ecologia à agricultura gradualmente 

ganhou ímpeto com a intensificação da pesquisa da ecologia de população e de comunidades, a 
influencia crescente de abordagens em nível de sistemas e o aumento da consciência ambiental. 
Um sinal importante deste interesse em nível internacional ocorreu em 1974, no primeiro Congresso 
Internacional de Ecologia, quando um grupo de trabalho desenvolveu um relatório intitulado “Análise 
de Agroecossistemas”.

Na medida em que mais ecologistas, nos anos 70, passaram a ver sistemas agrícolas como 

áreas legítimas de estudo, e mais agrônomos viram o valor da perspectiva ecológica, as bases da 
agroecologia cresceram rapidamente. Pelo início dos anos 80, a agroecologia tinha emergido como 
uma metodologia e uma estrutura básica conceitual distinta para o estudo de agroecossistemas. Uma 
influencia importante durante este período veio dos sistemas tradicionais de cultivo, de países em 
desenvolvimento, que começaram a ser reconhecidos por muitos pesquisadores como exemplos 
importantes de manejo de agroecossistemas, ecologicamente fundamentados.

Com o crescimento de sua influencia, a agroecologia contribuiu para o desenvolvimento do 

conceito de sustentabilidade na agricultura. Enquanto a sustentabilidade fornecia uma meta 
para focalizar a pesquisa agroecológica, a abordagem de sistema integral da agroecologia e o 
conhecimento de equilíbrio dinâmico proporcionavam uma base teórica e conceitual consistente para 
a sustentabilidade. Em 1984, diversos setores estabeleceram a base ecológica da sustentabilidade nos 
anais de um simpósio; esta publicação teve um papel destacado na solidificação da relação entre a 
pesquisa agroecológica e a promoção da agricultura sustentável.

Hoje, a agroecologia continua a fazer conexão entre fronteiras estabelecidas. Por um lado, a 

agroecologia é o estudo de processos econômicos e de agroecossistemas, por outro, é um agente 
para as mudanças sociais e ecológicas complexas que tenham necessidade de ocorrer no futuro a fim 
de levar a agricultura para uma base verdadeiramente sustentável.

Figura 2.0.

Tabela 2.0