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Um Pouco de História
2.1 - Histórico da Agricultura
A agricultura vem sendo praticada, possivelmente, há 10 mil anos. Apesar de nesse período
ter havido grandes transformações, ela foi praticada de forma muito parecida com a que os índios
praticam hoje ou com a que faziam os colonos até bem pouco tempo. A esse tipo de agricultura
costumamos chamar de MODELO TRADICIONAL de produção, o qual é baseado, basicamente, em:
»Uso do fogo;
»Uso de mão-de-obra e tração animal;
»Rodízio de terras;
»Domesticação e melhoramento de espécies e variedades;
»Integração com a natureza e, por isso, poucos problemas de parasitas.
Esse modelo pôde se perpetuar por muito tempo, enquanto não se esgotasse os recursos
naturais, principalmente a disposição de áreas novas para cultivo. Ele tinha algumas desvantagens,
como o esgotamento de fertilidade e a erosão do solo pelas queimadas. Mas tinha, também, algumas
vantagens, especialmente um maior controle da produção pelo agricultor (não precisava adquirir
insumos e obtinha preços que lhe garantia a sobrevivência com alguma dignidade) e a produção de
um alimento sem contaminações com resíduos industriais.
Bem recentemente, de uns 50 anos para cá, o modelo tradicional foi sendo suplantado por outro.
Iniciou-se um processo de “modernização conservadora”, com a disponibilização de tecnologias ditas
modernas para o agricultor. Esse modelo de agricultura foi implantado a partir da conveniência de
interesses políticos e comerciais e muito pouco das necessidades do agricultor e ficou conhecido por
MODELO CONVENCIONAL. Hoje, ele está presente na maioria das propriedades, mas a sua adoção
deu-se aos poucos até que, quando foi condicionado à obtenção de crédito, se massificou. Assim, os
agricultores foram “convidados” a usar tratores e implementos, adubos químicos, sementes e raças
animais de alta resposta a insumos, agrotóxicos e criar animais com ração industrial. Era necessário
considerar ultrapassado o uso de tração animal, dos adubos orgânicos, das técnicas antigas de
controle de parasitas, das sementes e raças crioulas, pois o importante era entrar no avançado, no
“moderno”. Tal “modernismo” trouxe algumas poucas vantagens e uma série de desvantagens.
O que temos hoje na agricultura é fruto desse modelo: aumentou a erosão, o agricultor perdeu
o controle da produção, precisa comprar insumos cada vez mais caros e vender seus produtos a
preços cada vez menores, a mão-de-obra reduziu, sobrando gente no campo, o conflito por terras
piorou, muita gente imigrou para a cidade ou para outros estados, a natureza foi saqueada de
forma nunca vista antes, o número de pragas aumentou muito e os alimentos estão envenenados. O
aumento da produção que ocorreu deveu-se mais à expansão da área agrícola do que ao aumento
da produtividade e a fome no mundo continua cevando vidas como antes. Até porque, sabemos que
fome não é um problema técnico e sim político.
E agora?
Chegamos ao século 21. Com tantos problemas, são muitos os que vem nos trazer soluções. E
elas vêm da mesma forma como vieram as tecnologias do modelo convencional: muitas promessas,
crédito e, acima de tudo, coisas para comprar. Assim, para tudo tem insumos para serem comprados.
Se o problema é erosão, temos máquinas e herbicidas potentes para fazer o cultivo sem mexer
na terra; se o problema são os parasitas, temos novos venenos; se é excesso de veneno, então
temos venenos que não intoxicam tanto o agricultor ou produtos biológicos; temos, ainda, novas
variedades de plantas, que precisam de menos veneno; se é falta de terra, podemos cultivar na água...
E muito mais. Podemos comprar terra ensacada, sêmen, embriões, bactérias para silagem, adubo
orgânico, plásticos, sementes que geram grãos estéreis, pintos, leitões, nutrientes para hidroponia,
equipamentos de fertilização por irrigação, enfim, uma parafernália de “modernidades”. Esse novo
modelo se gesta em cima da total dependência do agricultor a umas poucas empresas gigantes que